terça-feira, 8 de novembro de 2011

NÚMEROS, A LINGUAGEM UNIVERSAL

A minha boca relatará a tua justiça e de contínuo os feitos da tua salvação, ainda que eu não saiba o seu número. Salmos 71:15
Qualquer fé que admire a verdade, que se esforce por conhecer Deus, deve ter coragem suficiente para acomodar o universo. Eu me refiro ao universo real. Todos aqueles anos-luz. Todos aqueles mundos. Penso no âmbito do seu universo, nas oportunidades que ele oferece ao Criador, e perco o fôlego. Isso é muito melhor do que prendê-lo dentro de um mundinho. Nunca apreciei a idéia da Terra como o escabelo verde de Deus. Era muito tranqüilizadora como história para crianças… como sedativo. Mas o seu universo tem espaço suficiente, e tempo suficiente, para a espécie de Deus em que eu acredito[1].
Carl Sagan (Contato)
Quando eu tinha 8 anos, costumava subir em cima da garagem da minha casa e olhar para as estrelas nas noites de verão, observando as constelações e me perguntando o existia depois delas. Creio num Deus muito maior que o descrito pelo personagem Palmer no fim do romance ‘Contato’ do ateu Carl Sagan[2]. O já falecido astrônomo especula em sua ficção se existe vida inteligente fora da Terra, o filme ou livro retratam a experiência de Ellie uma rádio-astrônoma que usa antenas gigantescas para encontrar um sinal de seres inteligentes que em dado momento fazem contato através de uma mensagem contendo números primos, o que na trama, leva a construção de uma máquina que leva a personagem ao encontro com um ser extraterrestre.
O momento máximo de ‘Contato’, dá-se quando Ellie pergunta ao extraterrestre que aparece personificado como humano, se a civilização deles tem algum tipo de religião crença ou mito. A resposta é que nos confins do infinito número de Pi(π) encontram-se onze números primos, um sinal de inteligência superior e anterior a todas as coisas. O diálogo termina assim:
“Que diz a sua Mensagem? A de pi?” ,
“Não sabemos”, respondeu ele, um pouco triste, dando alguns passos na direção dela.
“Talvez seja uma espécie de acidente estatístico. Ainda estamos investigando.”[3]
O que pessoas como Carl Sagan e seus personagens estavam procurando? Não estamos atrás de acidentes ou acasos. Ateus ou Crentes estão procurando por significado em sua origem, existência e destino.
Linguagem Divina
Nunca foi minha disciplina favorita, mas gostemos ou não dela, a Matemática é a linguagem de Deus na forma daquilo que existe igual em qualquer povo, ser vivo ou lugar. São os números, expressões de como o universo é organizado. Alguns são misteriosos como o famoso Pi (π). A razão circular que começou a ser calculada pelos Babilônios e parece ainda estar longe de uma solução a despeito dos modernos computadores. O π tem relação com circunferências, esferas e com fórmulas gravitacionais e eletromagnéticas, portanto, tem há ver com o funcionamento do universo[4].
A natureza parece ter uma mensagem de números interessantes para decifrar-mos, foi o que percebeu o matemático medieval Fibonacci que apresentou ao mundo uma sequencia da soma dos números que o precedem, (ou seja, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55… onde 1+1=2, 1+2=3, 2+3=5, 3+5=8, e assim por diante)[5], essa seqüência criada por um ser inteligente (o italiano Fibonacci neste caso), aparece de maneira muito comum na natureza. Um bom exemplo, é número de pétalas de uma flor, o lírio tem 3, a aquilégia tem 5, o delfínio tem 8, o cravo tem 13 e a áster tem 21 pétalas. Este padrão é encontrado ainda nos gomos de um abacaxi ou nas sementes de uma pinha[6].

Outros exemplos podem ser encontrados no crescimento de folhas e ramos de plantas, nas espirais de uma pinha ou na organização de sementes na coroa de um girassol[7]. Temos duas mãos (2), com dedos que se dividem em 3 partes e formam um conjunto de 5 dedos em cada mão.


Uando o desenho de um retângulo, dividido como quadrado em sua proporção exata, forma-se um quadrado e depois outro retângulo, o que pode ser feito infinitamente, unindo os pontos em linhas curvas formamos uma espiral perfeita, chamada espiral de Fibonacci, encontrada na concha de moluscos[8].






Na antiguidade surgiu entre os matemáticos um número misterioso, encontrado nas proporções perfeitas, recebeu o nome de Razão Ouro e ganhou a representação pela letra Ф em homenagem ao arquiteto grego Fídias que a utilizou para construir o Parthenon. Sua fórmula está presente nas conchas dos nautilóides, nas espirais de galáxias ou no rabo de um camaleão, número que tornou-se a grande descoberta de Leonardo Da Vinci em seu estudo das proporções humanas perfeitas em seu ‘homem vitruviano’[9]. Exibimos estas proporções na relação do tamanho dos dedos, da cabeça, nariz e o umbigo marca o ponto ouro de toda nossa extensão.
Tanta ordem e detalhes precisos sugerem planejamento inteligente. A ordem através da geometria está em coisas microscópicas como a dupla hélice do DNA, na forma e rota dos planetas ou nos cristais[10]. Números interessantes e misteriosos estão no padrão de muitas coisas na Natureza, como por exemplo a geometria de fractais:

Um fractal (anteriormente conhecido como curva monstro) é um objeto geométrico que pode ser dividido em partes, cada uma das quais semelhante ao objeto original. Diz-se que os fractais têm infinitos detalhes, são geralmente auto-similares e independem de escala. Em muitos casos um fractal pode ser gerado por um padrão repetido, tipicamente um processo recorrente ou iterativo[11].
O estudo das fractais tem se desenvolvido graças a computação, entretanto, além dos sistemas artificais aparece também no mundo natural como padrões que aparentam design e planejamento. Cristais, uma folha de samambaia ou um saboroso brócolis são exemplos de fractais. Elas têm sido encontradas em rios e árvores, bacias hidrográficas, litoral dos continentes, na forma de relâmpagos, nos alvéolos pulmonares, capilares e vasos sanguíneos, cada uma destas formas se duplica quando fica menor[12].
Os números mais surpreendentes na natureza é o que os cientistas denominaram como efeito borboleta, observados na teoria do caos. Isaac Newton um religioso e brilhante cientista, acreditava que a matemática podeira explicar todos os fenômenos naturais, mas as coisas eram mais complexas do que ele poderia prever. Assim como os desígnios de Deus admitem a interferencia do livre arbítrio, a matemática da natureza admitia pequenas interferencias que mudariam completamente o curso das coisas e por vezes criariam inumeros resultados possíveis.
Fatores aparentemente insignificantes podiam aparentemente causar o caos, isto foi chamado de efeito borboleta[13] da teoria do caos, idéia elaborada em 1961 pelo meteriologista Edward Lorenz do MIT[14]. Isso parece estar relacionado com a previsão de acidentes, meteriologia e uma infinidades de coisas.
Apensar de alguns discordarem, não creio que isso anule o pensamento de Newton, mas apenas o engrandeça em uma complexidade além do que o homem comum pode prever. Se a vida e os desígnios de Deus fossem tão prevísiveis e manipuláveis, não seriam de Deus. De qualquer forma, a matemática mostrou mais uma vez que o mundo é mais complexo que podemos imaginar ou medir. Pode-se ver no ‘Efeito Borboleta’, uma boa explicação para a propagação do pecado e suas consequencias, bem como a relação entre desígnio e livre arbítrio.
A matemática aparece registrada nas leis da natureza e suas constantes, leis tão bem conectadas e formuladas que quase se torna impossível não deduzir que exista um legislador superior e consciente. Leis como o eletromagnetismo, a força nuclear e a gravitação, que se representam em números e valores de um plano perfeito. Os elegantes sistemas construídos por estes princípios númericos e leis da natureza levaram o físico Paul Davis a afirmar que necessitava da teologia para explicar quem era o planificador destas leis[15].
Quando Stephen Hawking, professor de Matemática Aplicada em Cambridge e sucessor da cadeira de Isaac Newton, fez suas conclusões em seu clássico intitulado, ‘Uma Breve História do Tempo’, o mundo foi alvoroçado pelos questionamentos deste gênio confinado em sua cadeira de rodas eletrônica que nunca se declarou religioso. Ele disse:
Mesmo que haja só uma teoria unificada possível, não passa de um conjunto de normas e equações. Que é que dá vida às equações e forma ao Universo por elas descrito? A aproximação normal da ciência, ao construir um modelo matemático, não consegue dar resposta às perguntas sobre a existência de um Universo para o modelo descrever. Por que é que o Universo se dá ao trabalho de existir? A teoria unificada é tão imperativa que dá origem à sua própria existência? Ou precisa de um Criador e, nesse caso, terá Ele outro efeito sobre o Universo? E quem o criou a Ele?[16]
Como em ‘Contato’, o romance/ficção de Carl Sagan, estamos recebendo pela natureza uma linguagem universal, os números matemáticos, porém ainda é uma linguagem cifrada! Estamos através da ciência, da filosofia e da teologia, tentando encontrar caracteres comuns que nos dêem o significado desta linguagem. Procuramos um tipo de ‘pedra Roseta’[17] que explicará tanto as perguntas de Hawking, quanto as de um agricultor que põem a semente no solo e dela depende, ou de uma criança que vê as estrelas numa noite de verão. Hawking terminou seu livro de uma forma quase poética:
Todavia, se descobrirmos uma teoria completa, deve acabar por ser compreensível, na generalidade, para toda a gente e não apenas para alguns cientistas. Então poderemos todos, filósofos, cientistas e pessoas vulgares, tomar parte na discussão do porquê da nossa existência e da do Universo. Se descobrirmos a resposta, será o triunfo máximo da razão humana, porque nessa altura conheceremos o pensamento de Deus[18].
Eu não acredito que isso seria algum tipo de soberba ou orgulho, seria um ato simples, como o de uma senhora que vi ontem quando eu fazia algumas visitas, era uma mulher idosa lendo sua Bíblia na varanda de sua casa, era uma mulher tentando fazer ‘contato’. Como Ellie a personagem criada por Sagan, todos olhamos a Natureza e persebemos uma mensagem e queremos saber o que diz. Alguns de nós, já entendemos que uma mensagem é mandada por alguém, outros se detiveram tanto na mensagem que acabaram por enfatizar mais a mensagem do que Aquele que a mandou!


por Pr. Ericson Danese
[1] Carl Sagan. Contato, (SP: Editora Schwarcz LTDA), 404.
[2] Carl Sagan foi um astrônomo reconhecido mundialmente como maior divulgador de ciência do século 20. Apresentou a Serie COSMOS, que foi fundamental nessa divulgação, a serie passa na TV escola, e certa feita foi exibida na Rede Grobo no mesmo século.
[3] Sagan. Contato, 358.
[4] Associação de Professores de Matemática, http://www.apm.pt/apm/curiosidades/curio3.htm pesquisado na internet em 18/08/2008.
[5] Jordana Klein, Decifrando o Código da Natureza ‘Fé e Ciência’, pesquisado na internet em http://www.chabad.org.br/BIBLIOTECA/artigos/codigo/home.html, em 18/08/2008.
[6] Ibiden.
[7] Sucessão de Fibonacci, http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm99/icm41/natureza.htm, pesquisado na internet em 19/08/2008.
[8] Geometria e Natureza, http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2002/icm203/numeros.htm, pesquisado na internet em 19/08/2008.
[9] Rodrigo Gonçales, Matemática o Alfabeto de Deus, Natureza Elegante – Os números de Fibonacci, http://rrgoncalez.wordpress.com/2007/12/02/natureza-elegante-os-numeros-de-fibonacci/, pesquisado na internet em 19/08/2008.
[10] Ibid.
[11] Enciclopédia Livre, http://pt.wikipedia.org/wiki/Fractais. Pesquisado em 18/08/2008.
[12] Fractais e a Geometria da Natureza, http://cftc.cii.fc.ul.pt/PRISMA/capitulos/capitulo2/modulo4/ , pesquisado na internet em 19/08/2008.
[13] Criou-se um tipo de jargão para demonstrar a teoria do caos, que diz o seguinte: Uma borboleta batendo asas em Tóquio pode causar um furacão em Nova Iorque, daí veio o nome Efeito Borboleta, ou seja, conseqüências enormes provenientes de interferências mínimas.
[14] Rafael Kenski, “Por que acidentes acontecem?” Super Interessante, Julho de 2003 (SP: Editora Abril), 77.
[15] Paul Davis, ‘Pode a Ciência crer em Deus?’ Super Interessante, Outubro de 1987 (SP: Editora Abril), 64.
[16] Stephen W. Hawking, Breve História do Tempo (Portugal: Lisboa, Gradiva Publicações LTDA, 1994).
[17] Foi a pedra contendo caracteres de um texto em grego e egípcio antigo que possibilitou Champolion descobrir o significado dos antigos hieróglifos.
[18] Ibid.

Fonte :mundomaranatha
Otimo doc, que passa na TVEscola, obrigue seus filhos assistirem o canal, já que da TV não larga.
http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=8499

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